Ontem lembrei os dias que comprava flores. Era criança, e meu entorno acreditava num mundo com amor e paz. Os hippies dessa época eram muitos, a maioria na Patagonia. Eu sentia a necesidade de compartilhar meus desejos de felicidade com todo mundo. Minha mãe fazia entrar as crianças da rua pra comer em casa, e consegui conscientizar meu lado mas social que nada tem a ver com o dar pra quem não tem, e sim de pensar que todo funciona junto e que si algo na cidade esta errado, acredite, algo tenho a ver com isso.
Comecei a militar desde jovem, participava de um clube social da elite de minha ciudade, mais com objetivos próprios e verdadeiros de modificar e trabalhar pra um futuro algo melhor. Logo comecei a militar num movimento social na zona mas humilde da minha cidade, ai entendi de perto de que se tratava a desigualdade social.
Me transforme, numa época da minha adolescência senti ódio, ódio de quase todo mundo, começando pelas pessoas que não estavam nem ai de essas questões que eu consegui enxergar e trabalhar junto com elas. Eramos muitos, mas ao mesmo tempo eramos poucos pra tanto a fazer. Muitas lutas, muitas resistências.
Quando morei em Buenos Aires vi que o mundo tinha coisas piores pra enfrentar, nunca com meus 17 anos hábia visto tantas pessoas dormindo nas ruas. Me surpreendi, fiquei sensibilizado, somado que todas essas questões eram debate na escola de Alfredo Moffat, um psicologo social de vanguarda que levava pra frente muitas lutas. Um dia vi uma ocupação ser desalojada, quando saia de uma boate. Vi crianças molhadas passando frio, deixei meu abrigo com eles e os acompanhei toda essa manha faltando a todo qualquer compromisso, até trabalho.
Comecei a ocupar com grupos de punk´s e algums anarquistas, eram épocas onde eu tinha que lidar com meus trabalhos, estudos e a participação da ocupação, foi difícil mais aprendi muito. A primeira vez que vivi um desalojo senti que já não era uma brincadeira, que me estava envolvendo seriamente e que estava trasando um paralelo na minha vida. Vi como um dos meninos que ocupava jogava coisas contra a policia que, de forma ultra violenta, tentava entrar ao prédio. Eramos muitos, mais poucos pra essa luta. Fomos todos retirados pra a rua.
Na rua participei de varias manifestações pacificas, nas épocas difficiles na Argentina, a maioria dessa manifestações terminavam em confronto com a policia e a maioria de meus amigos alguma vez forem agredidos por policias ou levados presos pelomenos uma noite.
Minha revolta crescia, eu já não queria ter participação nenhuma com o estado nem muito menos ver a cara de um policia. Isto até o dia de hoje.
No Rio de Janeiro com 24 anos participei das manifestações contra o Choque de Ordem que havia agredido estudantes, nessa manifestação foi ameaçado, apontado com o dedo e levei um tapa de um policia. Quando militei os dos meses na praça da Cinelandia com OcupaRio, vivemos vários intentos e ameaças de parte da policia, mas nenhuma delas forem concretizadas até o ultimo dia onde todos meus parceiros (na sua maioria moradores de rua) forem mal tratados, humilhados, e levados como presos a o que o estado chama de abrigo. Senti essa mesma indignação e ódio que havia sentido em vários outros episódios. Abuso de autoridade total de parte do estado e mal trato moral e físico de parte da policia.
Lembro de uma manifestação no Rio de Janeiro, ano 2012, contra o aumento da passagem, levei um tapa forte de um policia e ae entendi que tinha que me fortalecer, pois aquele tapa na minha cara simbolizava de alguma forma o que o estado fazia com nossa sociedade, simbolizava muito mas que um tapa na cara.
VI muitos amigos serem agredidos e mal tratados por policia, para ser honesto meus maiores danos morais e danhos fisicos vierem de parte da policia, sempre.
Ontem, mentras assistia as imagenes de violencia extrema que a policia tinha com manifestantes no Rio e em Sao Paulo, me vi em todas aquelas sircunstancia nas que um policia me maltrato...
ontem lembrei que de criança coprava flores, hoje compro armas pra me defender.
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